TRE mantém cassação de vereador do PT por suspeita de ligação com o Comando Vermelho

Conteúdo/ODOC – O Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT) confirmou, na quarta-feira (16), a cassação do mandato do vereador de Rondonópolis Ary Campos (PT), acusado de ter recebido apoio financeiro da facção criminosa Comando Vermelho durante a campanha eleitoral de 2024. Além da perda do mandato, ele foi declarado inelegível por oito anos.
A decisão colegiada manteve a sentença da primeira instância, proferida em maio, quando a Justiça Eleitoral já havia considerado procedentes as acusações. Na ocasião, o Diretório Estadual do PT em Rondonópolis repudiou a condenação e classificou a ação como parte de um processo de perseguição política contra lideranças populares. Apesar da manifestação partidária, a Corte Eleitoral rejeitou os argumentos da defesa e reafirmou a cassação.
Após a primeira condenação, Ary Campos chegou a obter uma decisão liminar que o mantinha no cargo enquanto o recurso tramitava. Com o julgamento do mérito nesta semana, a liminar foi derrubada e a cassação, confirmada. A defesa ainda pode recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
As investigações do Ministério Público Eleitoral apontam que detentos ligados ao Comando Vermelho, utilizando celulares apreendidos em presídios, orientavam apoiadores a votar em Ary Campos, também conhecido como “Capitão”, que se elegeu com 1.960 votos. A organização exigia que cada interno conseguisse, pelo menos, quatro eleitores, com comprovação por meio de fotos do título de eleitor e outros dados pessoais.
Mensagens extraídas dos celulares demonstram que havia pressão direta dos detentos sobre pessoas de fora das unidades prisionais para garantir votos ao então candidato. “Cada um preso tem que arrumar quatro pessoas… se não, o bagulho vai ficar estreito aqui”, dizia uma das conversas, usadas como prova no processo.
A denúncia também aponta que membros da facção teriam solicitado a empresários da cidade contribuições financeiras para custear reuniões políticas do vereador. Esses comerciantes já seriam obrigados a pagar a chamada “taxa de segurança” — um valor mensal cobrado sob ameaça para garantir suposta proteção. Um dos eventos de campanha, financiado por essa rede de extorsão, chegou a ser divulgado nas redes sociais do próprio Ary.
A Polícia Civil também apurou que as reuniões políticas ocorriam em áreas onde a facção exercia forte influência territorial, o que reforça, segundo o Ministério Público, a participação do candidato em um esquema criminoso de financiamento de campanha.
Com a manutenção da cassação, o vereador está oficialmente afastado do cargo e deverá enfrentar novas ações judiciais conforme o andamento das investigações criminais paralelas.