Sobreviventes de tráfico sexual na Coreia do Sul movem processo histórico contra Exército dos EUA
Um grupo de 117 mulheres sul-coreanas, sobreviventes de um esquema de exploração sexual que durou décadas, iniciou uma batalha jurídica decisiva contra as Forças Armadas dos Estados Unidos na Coreia (USFK). O processo, registrado no Tribunal Distrital Central de Seul em setembro de 2025, alega que os militares de Washington não apenas foram coniventes, mas incentivaram ativamente o tráfico humano e a prostituição violenta nas proximidades de suas bases militares desde 1945.
As vítimas, hoje idosas e vivendo em condições precárias, relatam um sistema brutal onde eram submetidas a exames médicos semanais e quarentenas forçadas para evitar que soldados contraíssem doenças. Segundo os depoimentos, as autoridades norte-americanas ignoravam agressões físicas cometidas por soldados e exigiam protocolos de isolamento que já haviam sido abolidos nos próprios Estados Unidos, resultando em mortes e traumas irreparáveis.
O papel do Estado e a “Educação Patriótica”
O processo atual contra os Estados Unidos surge após uma vitória parcial contra o próprio governo sul-coreano em 2018. Naquela ocasião, a Justiça de Seul reconheceu que o Estado promoveu a exploração sexual como política pública para fortalecer a aliança militar e atrair moeda estrangeira.
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Doutrinação: As mulheres eram submetidas à “educação patriótica”, sendo chamadas de “patriotas” por servirem aos soldados e instruídas a serem gentis, mesmo diante de abusos.
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Isolamento Forçado: O governo sul-coreano gerenciava áreas específicas onde as mulheres eram confinadas e recebiam injeções indiscriminadas de penicilina sob supervisão técnica indireta dos EUA.
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Falha na Indenização: Apesar das vitórias judiciais anteriores contra a Coreia do Sul, as sobreviventes relatam que o apoio financeiro recebido é irrisório e insuficiente para cobrir despesas médicas básicas.
A busca por dignidade e reparação histórica
Para as denunciantes, esta ação judicial é vista como a “batalha final”. Elas exigem que Washington reconheça a natureza sistemática da exploração, tratando-a como uma política institucional e não como casos individuais e isolados de má conduta.
Os pedidos centrais incluem um pedido formal de desculpas por parte do governo dos Estados Unidos, a criação de leis para investigação dos fatos históricos e a expansão do apoio psicossocial. Como descreve Kim Kyung Sook, uma das sobreviventes, o desejo é que as “irmãs” possam viver seus últimos dias sem a dor do esquecimento e sem a preocupação com custos de saúde, morrendo de forma digna após uma vida marcada pela servidão forçada.

