Secretário apoia projeto que restringe participação de atletas trans em competições femininas

Conteúdo/ODOC – O secretário municipal de Esporte e Lazer de Cuiabá, Jefferson Neves, manifestou apoio ao projeto de lei apresentado pelo vereador Rafael Ranalli (PL), que propõe limitar a participação de atletas transgênero em competições esportivas femininas na capital. A proposta determina que apenas o sexo biológico será considerado para a definição de gênero em eventos esportivos.
Caso o texto seja aprovado, clubes e federações que descumprirem a norma estarão sujeitos a multa de R$ 5 mil. O projeto também prevê sanções ao atleta, incluindo banimento e processo por doping.
Jefferson, que também já atuou como treinador esportivo, defendeu a iniciativa e apontou que há uma diferença significativa de desempenho físico entre mulheres cisgênero e mulheres trans, mesmo com tratamento hormonal. “A diferença de carga hormonal acumulada ao longo dos anos impacta diretamente no rendimento esportivo. Já presenciamos situações que evidenciam essa desigualdade em modalidades como boxe, natação e atletismo”, afirmou.
O secretário se referiu, como exemplo, a uma polêmica recente nos Jogos Olímpicos de Paris, quando a boxeadora argelina Imane Khelif venceu uma luta em apenas 46 segundos. Embora a atleta não seja trans, seu histórico de desclassificação anterior por questões hormonais acabou gerando desinformação nas redes sociais, com comentários infundados sobre sua identidade de gênero.
Para Jefferson, o debate é legítimo e necessário, sobretudo diante da repercussão internacional do tema. “É uma discussão que ultrapassa os limites locais. O Comitê Olímpico Internacional, federações e entidades esportivas ao redor do mundo estão revendo regras sobre o assunto. A Câmara de Cuiabá está dentro desse debate, e considero fundamental que o tema seja enfrentado com responsabilidade”, destacou.
Ele reforçou que sua posição não se baseia em posicionamento ideológico, mas em critérios técnicos. “Sou estudioso da área e conheço bem as diferenças fisiológicas entre os corpos masculino e feminino. Essas diferenças impactam diretamente no desempenho e precisam ser consideradas na construção de regras justas para a competição”, argumentou.
O projeto de Ranalli já recebeu parecer favorável da Comissão de Esporte e Lazer da Câmara e deve seguir para votação em plenário nas próximas semanas. A proposta tem dividido opiniões entre entidades esportivas e organizações de direitos humanos.