Presidente do PRD rebate deputado e defende participação de secretários na eleição

O presidente estadual do PRD em Mato Grosso, Mauro Carvalho, rebateu as recentes declarações do deputado estadual Eduardo Botelho (União), que criticou o envolvimento de secretários de Estado no processo eleitoral.
Carvalho defendeu o direito de qualquer cidadão, inclusive membros do Executivo Estadual, de participar das eleições e aproveitou para alfinetar o parlamentar. “A Assembleia Legislativa não é uma sociedade limitada, com 24 sócios e ninguém mais podendo entrar. Espera aí! Vivemos numa democracia”, disparou o presidente em entrevista ao programa Entre Elas da rádio CBN Cuiabá.
A fala ocorre em meio às especulações de que pelo menos seis secretários ligados ao Palácio Paiaguás estariam se articulando para disputar as eleições municipais de 2026. Para Carvalho, impedir esse movimento seria cercear o direito democrático dos indivíduos apenas por não fazerem parte do que ele chamou de “jogo das emendas”.
“O secretário de Estado é também um cidadão comum. Qualquer um tem o direito de ser candidato — empresário, servidor, cidadão. O que não pode é excluir alguém do processo apenas por não estar inserido no jogo das emendas”, reforçou.
Carvalho fez duras críticas ao atual modelo de distribuição das emendas parlamentares, que, segundo ele, favorece a perpetuação de lideranças tradicionais e dificulta a renovação política.
“O processo eleitoral está desigual. Quem permanece na política são sempre os mesmos, e isso é muito ruim, porque a política precisa ser reoxigenada, dar espaço para novas cabeças. […] Essas emendas acabaram com a chance de renovação. Essa é a realidade”, afirmou.
O presidente do PRD detalhou os valores significativos que parlamentares têm à disposição para direcionar a municípios, o que, segundo ele, cria um desequilíbrio no processo democrático. Ele citou que um deputado estadual pode controlar até R$ 40 milhões por ano em emendas, enquanto um senador chega a movimentar R$ 250 milhões anualmente — o equivalente a R$ 2 bilhões durante um mandato de oito anos. “Como alguém pode competir com isso?”, questionou.
Carvalho, que é suplente do senador Wellington Fagundes (PL), também se posicionou de forma contundente contra a reeleição no Brasil, tanto no Executivo quanto no Legislativo. Para ele, a limitação de mandatos seria uma medida essencial para oxigenar o sistema político.
“Não podemos transformar um mandato em uma carteira de trabalho assinada. Não é razoável um deputado permanecer 24 ou 30 anos no cargo. Por isso, sou — e sempre fui — contra a reeleição. Tanto no Executivo quanto no Legislativo, o ideal seria limitar a no máximo duas legislaturas. Assim teríamos uma renovação ampla e a oportunidade para que novas lideranças, com experiência e merecimento, contribuam com o país”, concluiu.