Policia Federal aponta empresa com sede em Cuiabá, sendo núcleo central do esquema criminoso de compra de decisões judiciais

Policia Federal aponta empresa com sede em Cuiabá, sendo núcleo central do esquema criminoso de compra de decisões judiciais

Uma reportagem do jornalista Aguirre Talento, publicada no Estadão, revela que a Polícia Federal identificou a empresa Fource, com sede em Cuiabá, e seus sócios, Haroldo Augusto Filho e Valdoir Slapak, como o núcleo central de um esquema criminoso voltado à compra de decisões judiciais.

Em um relatório preliminar, a PF destacou que Haroldo exercia “influência direta” em gabinetes do Superior Tribunal de Justiça (STJ), mencionando como exemplo sua relação pessoal com a advogada Catarina Buzzi, filha do ministro do STJ, Marco Buzzi.

A investigação está em andamento, com a PF solicitando ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Cristiano Zanin, permissão para aprofundar as apurações sobre a venda de decisões no STJ. O objetivo é investigar novos envolvidos, incluindo a filha de um ministro da Corte. Zanin é o relator do inquérito.

O relatório da PF descreve a Fource, junto com seus sócios, como a estrutura central do esquema. Haroldo, além de sua influência em gabinetes, também contratava o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves e o advogado Roberto Zampieri, que foi assassinado em dezembro de 2023.

O Estadão já havia informado, em julho, que a PF estava investigando as conexões de Haroldo com familiares de ministros do STJ e que ele tentou organizar um jantar para o ministro Marco Buzzi. Além disso, o escritório de Catarina estava localizado em um imóvel pertencente à Fource, embora ela tenha afirmado que pagava aluguel.

O relatório menciona que a Fource, por meio de Haroldo, tinha acesso privilegiado a eventos jurídicos, buscando se aproximar de autoridades, incluindo Catarina Buzzi.

A PF identificou que a Fource, sob a liderança de Haroldo e Valdoir, atuava como um pilar do esquema criminoso. Os sócios localizavam processos de interesse econômico e se valiam de Zampieri e Andreson para articular as demandas e fazer lobby no STJ.

Durante as investigações, a PF obteve dados do celular de Andreson, revelando uma rede sofisticada de intermediários para a comercialização de decisões judiciais. Foi identificado um mercado paralelo de influência, onde contratos milionários eram firmados para garantir decisões previamente acordadas.

As provas mais relevantes incluem a cooptação de um servidor do STJ, Márcio Toledo Pinto, que foi demitido devido às suspeitas de seu envolvimento. A PF descobriu que um contador ligado a Andreson abriu uma empresa em nome da esposa de Márcio, que recebeu transferências significativas durante o tempo em que ele repassava minutas de decisões.

O relatório indica que a rede de venda de decisões pode ser ainda mais ampla e que é necessário continuar a investigação. A PF conclui que o relatório preliminar não encerra a investigação, mas fornece uma base para a atribuição de responsabilidades penais, enviando os autos para deliberação sobre as medidas a serem tomadas.

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