Nordeste quer metade do dinheiro previsto para fundo em renegociação de dívidas

Nordeste quer metade do dinheiro previsto para fundo em renegociação de dívidas

Governadores do nordeste pediram ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, em reunião nesta quarta-feira(7), para que o fundo a ser criado pelo projeto de lei para renegociação da dívida dos estados seja distribuído com critérios do Fundo de Participação dos Estados (FPE).

O FPE é uma ferramenta de distribuição de renda, visto que transfere dinheiro de áreas mais ricas para mais pobres do país. Considerando coeficientes definidos para 2024, mais de 50% do Fundo fica com os estados do Nordeste. (confira no final da matéria os percentuais).

O projeto de Pacheco já prevê um “fundo de equalização”, que atenderia todos os estados, não só os endividados. O mecanismo é visto como uma compensação às unidades federativas pouco ou nada endividadas, que não se beneficiariam do “perdão” de dívidas.

O grupo, liderado pela governadora Fátima Bezerra, do Rio Grande do Norte, entende que é necessário que os estados menos endividados sejam também contemplados pelas medidas adotadas para renegociação das dívidas. Pela proposta apresentada, os recursos que comportam o fundo de equalização poderão ser aplicados na educação, em segurança, saúde e na área de mudanças climáticas.

¨Esse tema precisa ser tratado olhando a realidade do Brasil como um todo. Não é justo, não é desejável que os estados menos endividados, inclusive que fizeram o seu dever de casa como os estados do Nordeste, no processo de renegociação dessas dívidas, eles não sejam exatamente contemplados¨, disse Bezerra.

Inicialmente, o modelo proposto por Pacheco ajudaria os cinco estados mais endividados (SP, RJ, MG, RS e BA) a poupar R$ 25 bilhões, por ano, em encargos da dívida. Enquanto isso, os outros 22 estados receberiam menos de R$ 6 bilhões anuais através do fundo de equalização.

A dívida dos estados hoje é corrigida por IPCA + 4%. O PL garante que, dos 4%, 1% possa ser perdoado se o estado entregar à União ativos que representem entre 10% e 20% de sua dívida. Se entregar mais de 20% em ativos, o abatimento seria de 2%.

Do percentual remanescente, 1% poderia ser revertido em investimentos no próprio estado, especialmente em educação, mas também em infraestrutura e segurança pública. Outro 1% seria direcionado ao fundo de equalização, que os estados usariam para enfrentamento às mudanças climáticas, melhoria de produtividade, entre outros fins.

A proposta entregue pelo Consórcio Nordeste a Pacheco ainda eleva para 2% o percentual direcionado ao fundo de equalização.

A dívida total dos estados com a União fica próxima de R$ 800 bilhões, sendo que 90% ficam concentradas em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Bahia — cinco estados que seriam os principais beneficiados pelo PL.

Divisão do FPE para 2024 / Crédito: Tesouro Nacional

Os governadores também pediram ao presidente do senado para que inclua no projeto a possibilidade de renegociar dívidas com bancos públicos, com a redução de taxas de juros, alongamento dos prazo e aumento da carência das dívidas que os Estados têm com as instituições do sistema financeiro nacional.

¨O ponto principal é que os estados que não têm dívida com a União ou têm uma dívida pequena com a União, têm dívida com instituições bancárias do sistema financeiro nacional, notadamente o Banco do Brasil, a Caixa e o BNDES. Então nós também estamos propondo, falamos para o presidente do Senado, que é importante possibilitar que essas dívidas bancárias também sejam renegociadas¨, disse Rafael Fonteles, governador do Piauí.

Também participaram da reunião com Pacheco a governadora Raquel Lyra, de Pernambuco, e os governadores Elmano de Freitas, do Ceará, Rafael Fonteles, do Piauí, Paulo Dantas, de Alagoas, e o vice-governador de Sergipe, Zezinho Sobral.

Em nota, após o encontro, Rodrigo Pacheco disse que houve avanço na discussão em relação ao fundo de equalização, já previsto no projeto, para beneficiar também os estados que não possuem dívidas com a União.

¨Concluído o debate, temos a expectativa de votar a proposta no Senado na próxima semana. Estamos trabalhando em um cenário no qual haja consenso entre os senadores para a apreciação do projeto antes do início das campanhas eleitorais¨, disse Pacheco.

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