“Musa dos Investimentos” e outros três terão que indenizar vítimas de pirâmide em R$ 204 mil

Conteúdo/ODOC – A Justiça de Mato Grosso condenou Taíza Tosatt Eleotério Ratola, conhecida como “Musa dos Investimentos”, o agente da Polícia Federal Ricardo Mancinelli Souto Ratola, o médico Diego Rodrigues Flores e a empresa DT Investimentos Ltda. (antiga TR Investimentos e Intermediação Ltda.) ao pagamento de R$ 188 mil a duas vítimas de um esquema de pirâmide financeira, além de R$ 16 mil por danos morais.
A decisão é da juíza Sinii Savana Bosse Saboia Ribeiro, da 10ª Vara Cível de Cuiabá, proferida na última quarta-feira (8).
De acordo com o processo, as vítimas investiram R$ 383 mil na plataforma gerida pela empresa, atraídas por promessas de rendimentos mensais de até 6%. No entanto, após tentarem reaver o dinheiro aplicado, não obtiveram retorno. Durante o trâmite da ação, a magistrada determinou o bloqueio de bens e contas dos réus para garantir o ressarcimento.
A juíza reconheceu a existência de uma relação de consumo entre as partes e aplicou o Código de Defesa do Consumidor, ao entender que houve falha na prestação dos serviços financeiros. As rés Taíza Tosatt e a empresa DT Investimentos foram declaradas reveles, o que consolidou as alegações apresentadas pelas vítimas.
Ricardo Mancinelli, ex-agente da Polícia Federal, foi responsabilizado solidariamente por ter apresentado o investimento e assegurado sua suposta segurança, além de constar como sócio da empresa durante o período em que os aportes foram realizados. Já o médico Diego Rodrigues Flores foi considerado sócio de fato, com base em provas que indicaram sua participação na divulgação e administração do negócio.
A sentença destacou que o contrato firmado era fraudulento e apresentava todas as características de uma pirâmide financeira. Por isso, determinou a devolução dos valores investidos, mas sem o pagamento dos lucros prometidos. O pedido de devolução de um empréstimo adicional de R$ 2,3 mil foi negado por falta de provas.
Cada uma das vítimas receberá ainda R$ 8 mil por danos morais. Além disso, os réus deverão arcar com as custas processuais e honorários advocatícios fixados em 15% sobre o valor da condenação. A decisão também autorizou a retirada da restrição judicial sobre um veículo Jeep Renegade, após pedido da cooperativa Sicredi Ouro Verde MT, reconhecida como credora fiduciária do bem.
Esquema milionário e prisão
Taíza Tosatt ganhou notoriedade nacional após ser apontada como líder de um esquema de pirâmide financeira investigado pelo Ministério Público de Mato Grosso (MP-MT) e pela Polícia Civil. Segundo denúncia do promotor Sérgio Silva da Costa, o golpe causou prejuízos superiores a R$ 4 milhões a pelo menos 30 vítimas em diferentes estados.
Em novembro de 2024, Taíza foi presa durante a Operação Cleópatra, após a polícia encontrar munições de calibre restrito e anabolizantes em sua residência. Ela foi solta dias depois, por decisão da juíza Débora Roberta Pain Caldas, mediante uso de tornozeleira eletrônica e restrições de deslocamento.
As investigações apontam que a empresa TR Investimentos, registrada em nome de Taíza, Ricardo Ratola e Diego Flores, atuava sem autorização legal no mercado financeiro, captando recursos de investidores sob promessa de rendimentos fixos entre 3% e 5% mensais — percentuais considerados irreais. O negócio, segundo o MP, se sustentava apenas enquanto novas pessoas aportavam recursos, sem qualquer atividade econômica real.
Entre as vítimas identificadas, há relatos de pessoas que venderam bens e contraíram dívidas acreditando na segurança do investimento. Uma idosa de 76 anos afirmou ter perdido R$ 1,1 milhão. O MP também apura a suspeita de que Taíza tenha ocultado cerca de R$ 2 milhões em uma conta bancária aberta em nome de seu irmão, então com 13 anos.
Atualmente, a “Musa dos Investimentos” cumpre prisão domiciliar enquanto responde a processos por estelionato, lavagem de dinheiro e crimes contra a economia popular