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Em entrevista à GloboNews na manhã desta quinta-feira (24), o senador sul-mato-grossense Nelsinho Trad (PSD) de certo modo, ironizou o eventual descrédito sobre a comitiva que viaja aos Estados Unidos para debater as relações políticas entre Brasil e Estados Unidos na próxima semana, e disse que os encontros não ocorrerão no “McDonald’s”.
As reuniões previstas entre os dias 29 e 31, serão todas sediadas na embaixada do Brasil em Washington. “Não vamos nos reunir no McDonald’s. Isso foi justamente para demonstrar o apoio do Governo”, afirmou o parlamentar, ao destacar a intenção de reforçar a valorização do país no cenário internacional.
Preside a Comissão de Relações Exteriores do Senado, Trad destacou que a delegação formada por oito parlamentares se reunirá com cinco nomes do Congresso americanos, todos omitidos pelo senador. “A gente entende que poderá haver forças contrárias nesse sentido e não pode deixar isso ser contaminado diante da intenção e do bom equilíbrio que todos nós temos”, justificou.
Nelsinho Trad também fez questão de defender a senadora Teresa Cristina, ex-ministra da Agricultura do governo Bolsonaro, que vem sendo alvo de críticas. “Não merece essa pressão gratuita. Já esteve lá por duas ocasiões e sabe a porta que tem que bater”, destacou Trad, afirmando que a senadora tem contribuído muito para resolver essa questão política”.
Sobre a atual relação entre Brasil e Estados Unidos, Trad reconheceu falhas na condução diplomática recente e enfatizou a importância da missão oficial. “Nós estamos indo para poder melhorar um relacionamento entre o Brasil e os Estados Unidos que esfriou. A gente tem que fazer uma meia culpa aqui em relação a essa questão. A diplomacia nada mais é do que a arte de exercer o diálogo e fazer política, coisa que o presidente Lula sabe muito bem. Se não, não teria sido eleito três vezes, mas falhou nesse momento”, declarou.
Nesta semana, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) disse que encontro para negociar a tarifa de 50% a produtos brasileiros.seria um fracasso.
Composto por quatro titulares e quatro suplentes, o grupo propõe debates aos políticos estadunidenses na intenção de reforçar os vínculos institucionais e defender os interesses comerciais do Brasil, em temas como comércio exterior, investimentos, cadeias produtivas, agricultura e segurança jurídica, missão oficial à cidade de Washington marcada para última semana de julho.
A CTEUA será composta pelos seguintes senadores:
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- Senador Nelsinho Trad (PSD-MS) – Presidente
Integrantes:
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- Tereza Cristina (PP-MS)
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- Astronauta Marcos Pontes (PL-SP)
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- Jacques Wagner (PT-BA)
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- Esperidião Amin (PP-SC)
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- Rogério Carvalho (PT-SE)
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- Fernando Farias (MDB-AL)
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- Carlos Viana (Podemos-MG)
Nelsinho defendeu, em pronunciamento no Plenário nesta quarta-feira (16), uma resposta diplomática coordenada para enfrentar a crise comercial entre ambos os países.
O senador afirmou que é preciso baixar a tensão entre os dois países e buscar soluções pragmáticas para evitar prejuízos econômicos, especialmente aos municípios do interior que dependem das exportações.
Segundo o parlamentar, a recente suspensão de exportações de carne bovina por frigoríficos instalados em cidades sul-mato-grossenses, noticiado com exclusividade pelo Correio do Estado, já tem causado impactos sociais e econômicos.
“Eu tive a notícia de que cinco plantas frigoríficas do Mato Grosso do Sul pararam a produção da carne que iam exportar para os Estados Unidos. V. Exa. tem noção do que pode representar para uma cidade pequena, que tem o frigorífico como único gerador de empregos, uma demissão em massa?”, alertou.
Para ele, o comércio internacional não pode ser tratado como um campo de batalha ideológica ou partidária, e sim, classificado como uma agenda de Estado, que deve ser guiada pelo pragmatismo, pela responsabilidade, sempre com foco na geração de emprego, renda e oportunidades.
A criação da comissão foi articulada entre Senado e a Presidência da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, diante da necessidade de fortalecimento das relações bilaterais no contexto das novas barreiras tarifárias adotadas pelos Estados Unidos, que já impactam diversos setores da economia brasileira.
A missão tem caráter suprapartidário, institucional e estratégico, com o objetivo de promover o diálogo direto com parlamentares norte-americanos e fortalecer os laços bilaterais entre os Poderes Legislativos dos dois países.
Tarifaço
A medida que impôs tarifa de 50% sobre diversos produtos brasileiros, repercutiu no Senado. O presidente da CAE, senador Renan Calheiros (MDB-AL), também repudiou a decisão, que chamou de “ataque ao comércio, à indústria e ao agronegócio brasileiro”, motivado, segundo ele, por interesses eleitorais.
“A decisão do presidente norte-americano foi divulgada, pasmem, por carta publicada nas redes sociais, uma carta dirigida ao presidente Lula que elenca motivos políticos, eleitorais, pessoais, e não elenca nenhum motivo de ordem comercial ou tarifária”, criticou Calheiros.
O senador também contestou a justificativa de Trump, que alegou déficit dos EUA na balança comercial com o Brasil. De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a realidade é oposta: é o Brasil que tem acumulado déficits consecutivos com os Estados Unidos desde 2009.
Renan defendeu a aplicação da chamada Lei da Reciprocidade como resposta às tarifas unilaterais impostas por Washington. A legislação, originada a partir do PL 2.088/2023, de autoria do senador Zequinha Marinho (Podemos-PA), foi aprovada pelo Congresso em abril e sancionada pela Presidência no mesmo mês, após um primeiro aumento tarifário de Trump sobre o aço brasileiro.
O decreto que regulamenta a lei foi publicado nesta terça-feira (15), assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A norma autoriza o Brasil a suspender concessões comerciais, investimentos e até obrigações relativas a direitos de propriedade intelectual em resposta a medidas unilaterais que prejudiquem a competitividade internacional do país.