Mãe e filho enfrentam júri por execução de empresário e vendedor no Shopping Popular
Acontece nesta quarta‐feira (12), no Fórum da Capital, o julgamento pelo Tribunal do Júri dos três acusados no duplo homicídio ocorrido no dia 23 de novembro de 2023, no interior do Shopping Popular de Cuiabá.
As vítimas foram o lojista Gersino Rosa dos Santos e o vendedor Cleyton de Oliveira de Souza Paulino.
O julgamento acontece 11 dias antes do crime completar dois anos. Os acusados são mãe e filho Jocilene Barreiro da Silva e Vanderley Barreiro da Silva, e o executor contratado, Sílvio Júnior Peixoto.
O julgamento é conduzido pela juíza titular da 1ª Vara Criminal de Cuiabá, Mônica Catarina Perri Siqueira e integra as ações do Mês Nacional do Júri, promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que prevê durante o mês de novembro a realização de 208 sessões de julgamento em diversas comarcas do estado.
Sobre o julgamento
Após o sorteio das pessoas que irão compor júri, os três réus e cinco testemunhas de acusação serão ouvidas. O primeiro a testemunhar é o delegado responsável pelo caso, Nilson Farias.
Relembre o caso
De acordo com o Ministério Público, Jocilene e Vanderley encomendaram o assassinato de Gersino. No dia do crime (23/11/2023), o executor entrou no shopping, aproximou-se da vítima Gersino e disparou duas vezes pela nuca. O segundo projétil transpassou o corpo de Gersino e atingiu Cleyton, que estava na linha de tiro.
O conselho de sentença irá julgar o caso classificado como homicídio qualificado, com mandantes, executor, motivo torpe (vingança) e duplo resultado. Número do processo: 1002932-92.2024.8.11.0042
Acompanhe as atualizações abaixo:
09h12: Início da sessão
O júri foi sorteado e composto por cinco mulheres e dois homens. A sessão ocorre no plenário da 1ª Vara Criminal de Cuiabá, sob a presidência da juíza Mônica Catarina Perri Siqueira.
09h26: Primeira testemunha
O primeiro a depor foi o delegado Nilson André Farias de Oliveira, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Cuiabá, responsável pelas investigações do caso.
Segundo o delegado, o crime gerou grande comoção social, por ter ocorrido em um local de grande circulação da população cuiabana. “Foi uma cena de forte impacto. Duas vítimas caídas ao solo. No local, identificamos um projétil e duas cápsulas deflagradas. A partir disso, colhemos imagens de diversas câmeras de segurança do shopping. Com o auxílio da população, conseguimos identificar o executor, que confessou o crime e indicou os mandantes”, relatou.
09h33: Delegado continua a testemunhar
Em seu depoimento, o delegado Nilson André Farias de Oliveira detalhou o contexto emocional e a motivação que levaram ao crime, classificando o homicídio como um ato de vingança mal direcionado. “Era como se esse homicídio tivesse o condão de retirar a dor de uma mãe que havia perdido o filho”, afirmou o delegado, referindo-se à ré Jocilene Barreiro da Silva, mãe de um jovem assassinado dias antes do crime.
Segundo Farias, o filho de Jocilene, Vanderley, teria conduzido toda a execução do plano. O delegado destacou que a ação, ao invés de trazer algum tipo de alívio, gerou mais dor e atingiu pessoas inocentes.
09h40: Delegado compara a escolha da arma ao grau de responsabilidade dos envolvidos.
“Eles decretaram uma sentença de morte. Optaram por uma pistola 9 mm, uma arma com projétil de alta velocidade e grande poder de penetração. Quando Sílvio e Vanderley escolhem usar uma 9 mm em um local extremamente populoso, como o Shopping Popular, eles assumem o risco do resultado: aceitaram a possibilidade de atingir e matar qualquer pessoa que estivesse por perto”, descreve Farias.
10h16: Defesa de Jocilene interpela a testemunha
A defesa de Jocilene, mãe de Vanderley e uma das acusadas de ser mandante do crime, questiona o papel da cliente no crime.
O delegado Nilson Farias destaca a origem cigana da família e afirmou que, dentro dessa tradição, Jocilene exerce papel de liderança simbólica, mas não necessariamente operacional nas decisões.
O delegado confirma que, ao longo das investigações, identificou forte influência cultural e hierárquica nas relações familiares. “Na cultura cigana, ela é uma matriarca. As decisões passam primeiro por ela, há um respeito muito grande à figura feminina. Acredito que a principal participação dela foi dar o aval, o consentimento, mas não a execução direta dos atos. Ela tem o domínio sobre o que vai ou não acontecer”, explica o delegado.
10h34: Comportamento do executor
Ao ser questionado sobre a possibilidade de desistência de Sílvio em executar o homicídio, o delegado Nilson Farias afirma que essa hipótese pode ser observada nas imagens de segurança do Shopping Popular. “A movimentação do executor e as pausas registradas no vídeo mostram hesitação em alguns momentos. Mas, ao final, ele prossegue e realiza os disparos”, observa o delegado.
11h10 – Fim do depoimento do delegado
O depoimento do delegado NIlson Farias foi encerrado após a testemunha ser interpelada pela acusação, defesa, jurados e juíza que conduz o Tribunal do Júri.
11h16: Segunda testemunha
O policial civil, Leonardo Fonseca Rech, que participou das investigações, começou a ser ouvido.11h25: Prisão do executor em Uberlândia (MG)O policial civil relata como ocorreu a prisão do executor Sílvio Júnior Peixoto, em Uberlândia (MG), após a identificação dos envolvidos no duplo homicídio.
Ele conta que a partir de um trabalho integrado de inteligência, foram notificados pela delegacia de Uberlândia informando que o investigado estaria retornando à cidade. “Quando chegamos, ele não estava mais no endereço inicial, mas seguia em deslocamento de volta”, explica o policial.
“Já tínhamos a informação sobre o veículo que ele utilizava, uma motocicleta. Próximo à residência da família, observamos o veículo parado e o suspeito nas proximidades. Realizamos a abordagem e efetuamos a prisão imediatamente”, relata Conceição.
11h29: Executor não resistiu à prisão e confessou o crime
Ainda durante o depoimento, o investigador relata que, no momento da prisão em Uberlândia (MG), o executor não resistiu à abordagem policial e confessou a autoria do duplo homicídio ocorrido no Shopping Popular de Cuiabá.
“Ao ser abordado, ele não ofereceu resistência. Questionado sobre o motivo da prisão, passou a colaborar com a equipe e confirmou sua participação no crime”, explica.
Conceição ainda conta que Sílvio relatou que foi contratado para cometer o homicídio e que os mandantes teriam oferecido até R$ 10 mil para que ele viajasse até Cuiabá e executasse a ação.
De acordo com o policial, o acusado também mencionou que possuía dívidas relacionadas a drogas na cidade onde morava, o que teria motivado a aceitação da oferta.
11h39: Prisão dos mandantes em Campo Grande (MS)
O investigador descreve as diligências que resultaram na prisão dos mandantes Jocilene Barreiro da Silva e Vanderley Barreiro da Silva, mãe e filho, capturados em Campo Grande (MS) após o cumprimento de mandados expedidos pela Justiça de Mato Grosso.
Segundo o investigador, a investigação contou com o apoio da Polícia Civil sul-mato-grossense e o monitoramento do endereço da família. Conceição narra que os policiais encontraram várias armas de fogo na casa, o que para ele não é comum em uma casa com tantas crianças.
O policial diz que registraram resistência inicial por parte de Vanderley, que acabou detido junto da mãe.
12h00: Crime gerou insegurança
De acordo com Leonardo Fonseca Rech, o Shopping Popular é visto pela sociedade cuiabana como um lugar de passeio, inclusive é muito movimentado nas vésperas de natal.
Para ele, o crime gerou insegurança para os consumidores que frequentavam o local. Ele narra que a Polícia Civil foi pressionada para conseguir ter êxito na investigação e concluir com celeridade, e assim garantir que as pessoas voltassem a frequentar, entendendo que foi uma situação pontual.
12h03: Local do crime e trajeto da bala
O investigador Leonardo Fonseca Rech relata que o local do crime foi preservado assim que as equipes chegaram ao Shopping Popular de Cuiabá, garantindo a integridade das provas durante a perícia.
Em seu depoimento, ele detalha o trajeto dos disparos que vitimaram Gersino e Cleyton. Leonardo também destacou que as imagens das câmeras de segurança*revelaram um momento de grande risco: “Segundos antes do disparo que atingiu Cleyton, uma criança passou pelo corredor onde o crime ocorreu”, relatou, ressaltando a gravidade da ação em um local de grande movimento.
12h11: Defesa inicia o interrogatório da testemunha
Durante o interrogatório do investigador Leonardo Fonseca Rech, a defesa de Sílvio Júnior Peixoto questiona se alguma arma de fogo havia sido apreendida com o acusado no momento da prisão.
O investigador respondeu que nenhuma arma foi encontrada. Na sequência, as defesas de Vanderley e Jocilene Barreiro da Silva questionam o policial sobre a atuação de Sílvio nas investigações e se as confissões do réu haviam sido determinantes para a elucidação do caso.
“O caso chegaria a julgamento da mesma forma. A Polícia Civil não trabalha apenas com prova testemunhal, mas também com provas materiais”, afirmou o investigador.
Ao ser perguntado sobre o impacto das informações prestadas pelo executor, ele complementou: “Facilitou, mas não foi crucial”, resumiu.
12h37: Jurados iniciam perguntasEncerrados os questionamentos das defesas, o Conselho de Sentença passa a formular perguntas à testemunha.
12h39: Proprietário da caminhonete
Durante a resposta do questionamento dos jurados, o investigador menciona que Vanderley Barreiro atuava na compra e venda de veículos, e que teria adquirido a caminhonete S10 utilizada para dar fuga ao executor Sílvio Júnior Peixoto após o crime.
12h40: Depoimento encerrado e intervalo para almoço
Com o término das perguntas dos jurados, a juíza Mônica Catarina Perri Siqueira declarou encerrado o depoimento da testemunha e suspendeu a sessão para o intervalo do almoço.
13h37: Julgamento retomado
A juíza Mônica Catarina Perri Siqueira declarou retomada a sessão de julgamento.
13h38: Terceira testemunha
A terceira pessoa a testemunhar é a esposa da vítima Cleyton de Oliveira de Souza Paulino. Ela narra ter tomado conhecimento da morte do marido por meio das notícias veiculadas à época do crime.
13h41: Sofrimento familiar
A viúva do vendedor Cleyton conta que o casal tem uma filha de seis anos, que é levada semanalmente para a terapia, pois sente muita falta do pai. “Para nossa família tem sido doloroso. ele saiu para trabalhar e não voltou”, disse em lágrimas.
13h44: Esposa de Cleyton presta depoimento
A esposa de Cleyton de Oliveira de Souza Paulino, uma das vítimas do duplo homicídio, afirmou não conhecer Gersino Rosa dos Santos, também morto no ataque. “Depois do homicídio, não saí mais de casa. Nunca pensei em passar por isso. O Cleyton era um homem de família, só saía para trabalhar. Até hoje, não recebi nada de ninguém”, declara.
13h46: Depoimento encerrado
A testemunha foi interpelada apenas pelo Ministério Público, que conduziu breves questionamentos. O advogado de Sílvio Júnior Peixoto manifestou solidariedade à família da vítima, enquanto as demais partes informaram não haver perguntas.
Com isso, a juíza Mônica Catarina Perri Siqueira declarou encerrado o depoimento e prosseguiu para a próxima fase da sessão do júri.
13h47 – Quarta testemunha
A quarta pessoa a testemunhar é o irmão de Gersino Rosa, uma das vítimas do duplo homicídio. Ele conta que era proprietário de um estabelecimento no Shopping Popular e viu o irmão morto.
