Líder de movimento contra presença militar francesa no Benin é sequestrado por agentes à paisana
O ativista e dirigente político Damien Zinsou Dégbé, presidente do Conselho da Juventude Patriótica (CoJeP) do Benin, foi sequestrado por agentes à paisana em um veículo sem identificação no dia 21 de outubro de 2025. O CoJeP é a principal organização que articula manifestações contrárias à presença militar francesa no país da África Ocidental.
A prisão foi confirmada pela Organização de Defesa dos Direitos Humanos e dos Povos (ODHP), que classificou a ação como um “ato criminoso” e exigiu sua libertação imediata. Três dias após sua detenção, Dégbé permanece preso.
Acusações Políticas e Repressão
Segundo a ODHP, Dégbé foi levado ao Centro Nacional de Investigação Digital (CNIN), órgão ligado ao aparato repressivo do regime do presidente Patrice Talon, um aliado de Emmanuel Macron na África Ocidental.
Dégbé foi interrogado e acusado de “ciberassédio, incitação à violência e rebelião”. A ODHP e o CoJeP denunciam que as acusações têm motivação exclusivamente política, baseadas em suas atividades no Partido Comunista do Benin (PCB) e em suas críticas públicas ao governo.
Denúncias Contra o Regime Pró-Imperialista
Em entrevista concedida ao Brasil de Fato em julho, Dégbé havia denunciado o caráter “autocrático e pró-imperialista” do governo de Patrice Talon, acusando-o de entregar o país à França e de reprimir sistematicamente as manifestações populares.
Dégbé destacou que o papel de Talon é servir aos interesses da França, assinando novos acordos militares que permitem que tropas francesas expulsas do Níger se reposicionem no Benin. O ativista afirmava que a juventude beninense está determinada a lutar pela “libertação completa do país das mãos dos franceses”.
Ele também demonstrou solidariedade à Aliança dos Estados do Sahel (AES) – Mali, Burkina Faso e Níger – classificando o movimento de ruptura com o Ocidente como uma “guerra de independência” e um “símbolo de esperança” para o continente.
