EUA podem rever tarifaço sobre café e carne, diz Tebet

Após anunciar a sobretaxa, o presidente americano, Donald Trump, assinou o decreto que formalizava a tarifa removendo quase 700 itens. No entanto, carne e café continuaram taxados.
“A única coisa que ficou de fora [das isenções] nos Estados Unidos, que realmente é caro para o paladar deles, é a carne e o café. O resto eles se reposicionam, e algumas frutas. Então nós acreditamos que a hora que eles olharem os números inflacionários desses produtos e a hora que eles fizerem a pesquisa de opinião pública, que obviamente eles fazem, eles vão reposicionar esses produtos no mercado”, disse ela a jornalistas.
Tebet disse ainda que ainda há uma expectativa de que os EUA adiem o começo da vigência das tarifas -atualmente estabelecido para esta quinta-feira (7).
“A gente pode ter uma surpresa nos próximos dias. É do interesse deles, eles não querem inflacionar o café da manhã, o hambúrguer do final de semana”, estimou ela. “Não há absolutamente lógica nenhuma, até eleitoral interna americana, se eles estiverem pensando também em reeleição.”
Tebet disse que essas perspectivas vieram de uma série de conversas com empresários do setor.
“Por interesse deles, a carne e o café têm muito mais desvantagem do que nós. O café porque o Vietnã também teve um problema de safra. A gente consegue reposicionar, ainda que não amanhã, mas a curto prazo, esses dois produtos. A carne é virar uma chave. O frigorífico deixa de fazer o corte específico para os Estados Unidos, mas o boi é o mesmo. Então ele só faz o corte específico para outros países.”
“Acho que todos os bancos públicos vão ter que participar, obviamente. Vamos aguardar amanhã, vai que a gente ganha antecipadamente um presente de Papai Noel, de Natal e vai ter aí uma prorrogação de 90 dias no tarifa de 50, ou uma redução já de 50% para 30%”, disse.
Ainda de acordo com ela, o plano de contingência não tem um valor e que a maioria das medidas não passam por impacto fiscal.
Integrantes do governo afirmaram que o vice-presidente, Geraldo Alckmin, que tem comandado as conversas com os empresários brasileiros e com interlocutores do governo americano, também acredita que haja chances de que Trump recue parcialmente do tarifaço ou adie o prazo para que as tarifas entrem em vigor.
Essa avaliação foi transmitida por Alckmin em almoço nesta terça com o presidente da República, ministros do governo e governadores do Nordeste no Palácio do Itamaraty, após reunião do Conselhão da Presidência. De acordo com um participante, o vice-presidente disse acreditar ser possível que Trump recue, ao menos em parte, das medidas anunciadas.
Ainda segundo um político que esteve no almoço, Alckmin voltou a falar na importância das negociações e que o Brasil não se furtaria de dialogar com o governo americano. O vice-presidente também teria reforçado a possibilidade de buscar novos mercados para os produtos brasileiros.
Ainda segundo esse participante, Lula ouviu atentamente ao relato dos governadores e indicou que se reuniria ainda nesta terça com Alckmin e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para tratar do tema.
Um governador diz à reportagem que não foi detalhada nenhuma medida que está sendo estudada como reação ao tarifaço durante o almoço. Ele afirmou que a orientação é cautela e aguardar para se ter a real dimensão do que o governo americano fará de fato.