Entenda o motivo que leva o EUA a atacar o Pix

Pix estragou planos do WhatsApp Pay, revela CEO da Meta. Plataforma da Meta teve que adaptar estratégia após lançamento do sistema de pagamentos do Banco Central
O lançamento do Pix , sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central do Brasil em 2020, alterou os planos da Meta , empresa controlada por Mark Zuckerberg e responsável pelo WhatsApp Pay . A informação foi confirmada pelo chefe do WhatsApp no Brasil, Guilherme Horn , em entrevista ao site Finsiders Brasil .
O Pix entrou em operação cinco meses antes do WhatsApp Pay , mudando o cenário de pagamentos digitais no país. Diante da rápida aceitação do Pix pela população e pelas instituições financeiras, a Meta precisou incluir o sistema nos seus serviços para manter relevância no mercado brasileiro.
“Fizemos uma ‘pivotada’, mesmo. Inicialmente estávamos focados no mundo dos cartões de crédito. Depois, incluímos o Pix – primeiro para negócios e depois para o WhatsApp Pay.”
Meta enfrenta barreiras regulatórias no Brasil
Antes mesmo do lançamento do WhatsApp Pay, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e o Banco Central iniciaram uma disputa jurídica com a Meta, questionando práticas comerciais da plataforma. O argumento era de que a entrada da empresa poderia trazer danos irreparáveis à concorrência, eficiência e privacidade no sistema de pagamentos brasileiro.
Como resultado, o WhatsApp Pay só começou a operar em março de 2021 — quando o Pix já estava amplamente difundido e sendo adotado como alternativa aos métodos tradicionais, como débito e crédito via bandeiras internacionais.
Adaptação estratégica da Meta ao novo cenário
Apesar das dificuldades, Horn admitiu que a integração do Pix ao WhatsApp ajudou a encontrar o chamado Product Market Fit — ou seja, a adequação do produto às necessidades do mercado.
“A adoção foi muito boa, embora não possamos divulgar números. Com o Pix, encontramos o Product Market Fit. Está funcionando bem e as pessoas estão usando.”
Ainda assim, o executivo ressaltou que a Meta nunca teve intenção de competir diretamente com o Pix:
“Nunca quisemos concorrer com o Pix.”
Ataque de Trump ao Pix pode beneficiar grandes plataformas globais
Recentemente, o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump determinou ao Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) que investigasse supostas “práticas desleais” relacionadas ao Pix, dentro de uma pressão internacional liderada por empresas como Visa , Mastercard e American Express .
Embora o texto da USTR não especifique quais seriam essas práticas, analistas apontam que a medida pode estar ligada a interesses comerciais de grandes corporações estrangeiras, que veem no Pix um modelo de sucesso fora de seu controle.
Com informações: Revista Fórum