Distrito Federal se consolida como polo de economia criativa

Com crescimento acima da média nacional, o DF destaca-se na geração de empregos e negócios criativos, impulsionando inovação e inclusão social
O Distrito Federal (DF) emerge como um dos principais polos de economia criativa do Brasil, com números que superam a média nacional. Enquanto o número de postos com carteira assinada recuou 3,9% na capital, os chamados “empregos criativos” cresceram 9,8% , segundo dados inéditos do Mapeamento da Indústria Criativa 2025 , divulgado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) .
O levantamento aponta que 3,1% dos estabelecimentos formais do DF fazem parte da economia criativa, índice superior à média nacional de 2,3% . Essa liderança coloca o DF como o maior polo criativo fora do tradicional eixo Rio-São Paulo , consolidando sua posição como referência em inovação, cultura e empreendedorismo .
Setores e impacto econômico
Os setores que compõem a economia criativa no DF são diversos e abrangem áreas como:
- Audiovisual
- Moda
- Design
- Tecnologia
- Gastronomia
- Música
- Publicidade
- Arquitetura
- Artes visuais
De acordo com o Sebrae-DF , a capital conta atualmente com cerca de 130 mil agentes formais atuando nesse segmento, movimentando quase R$ 10 bilhões por ano . O setor representa 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do Distrito Federal, evidenciando seu papel estratégico para o desenvolvimento econômico local.
Transformando realidades
Mais do que números, a economia criativa está transformando vidas e promovendo inclusão. Um exemplo é Layssa Elena , vendedora em um complexo colaborativo de Brasília. Para ela, o modelo de negócio, onde pequenos empreendedores compartilham espaço físico, é uma oportunidade única.
“Aqui, marcas grandes e pequenas dividem o mesmo ambiente, o que torna tudo mais acessível e democrático. É uma porta de entrada para o mercado físico, com baixo custo e liberdade criativa,” diz Layssa.
Outro exemplo é a Endossa BSB , loja colaborativa inaugurada em 2012. Segundo Luana Freitas , sócia do espaço, muitos artistas que antes precisavam sair de Brasília para viver de arte agora conseguem prosperar na própria cidade.
“Tem marca que começou com uma caixinha aqui e hoje está em várias cidades. Esse modelo impulsiona o crescimento de pequenos negócios,” comemora Luana.
Políticas públicas e visão estratégica
O secretário de Cultura e Economia Criativa do DF, Claudio Abrantes , destacou a importância do setor para o desenvolvimento da capital:
“A economia criativa tem capacidade comprovada de gerar emprego, renda e inclusão produtiva. Investir em cultura, arte, design, música e audiovisual é também investir em inovação e no futuro da cidade.”
O governo tem trabalhado na formulação de políticas públicas para fortalecer esse ecossistema, transformando-o em vetor de desenvolvimento social e econômico.
Potencial e desafios
Para o economista Gabriel Santori , o potencial da economia criativa ainda está em expansão:
“A tendência global é de crescimento, especialmente em áreas como design, audiovisual, moda e tecnologia. Com investimento e políticas adequadas, esse setor pode dobrar sua participação na economia nos próximos 10 anos.”
Santori ressalta que o diferencial da economia criativa está na valorização do capital intelectual :
“É um setor que nasce de ideias, talento e inovação, sem depender de grandes estruturas físicas. Isso o torna resiliente, sustentável e conectado às novas formas de consumo.”
No entanto, desafios permanecem. A informalidade é um dos principais obstáculos, com muitos criadores e artistas atuando sem CNPJ, sem acesso a crédito ou proteção previdenciária. Santori alerta:
“Isso os torna vulneráveis a crises e desvaloriza o trabalho criativo. É fundamental promover a formalização de forma desburocratizada.”
Iniciativas inspiradoras
Projetos como o Infinu e o PicniK , idealizados por Miguel Galvão , exemplificam o papel central da criatividade no desenvolvimento econômico e cultural.
“Os conteúdos criativos são o coração do que fazemos. Eles geram riqueza, movimentam a economia e difundem valores como diversidade, sustentabilidade e inclusão social,” afirma Galvão. “O mercado está em alta e é visto com esperança, especialmente pelos jovens que buscam oportunidades alinhadas aos seus propósitos.”
Com informações: Correio Braziliense / Firjan / Sebrae-DF