Contrato com empresa de limpeza será suspenso em Terenos

Contrato com empresa de limpeza será suspenso em Terenos

Em entrevista coletiva concedida nesta sexta-feira (12), pouco antes da cerimônia de posse do prefeito interino de Terenos, o presidente da Câmara Municipal, Leandro Camaralac, afirmou que a prioridade imediata do legislativo é recomendar que o novo gestor, o até então vice-prefeito Arlindo Landolfi Filho (Republicanos), cancele todos os contratos existentes com as empresas envolvidas na investigação.

Os contratos a serem cancelados incluem serviços essenciais como internet para assistência médica e manutenção da cidade, bem como projetos de construção em andamento e concluídos.

Embora o presidente tenha reconhecido que o cancelamento de contratos poderia interromper temporariamente alguns serviços, ele enfatizou que continuar a trabalhar com as empresas envolvidas seria ainda mais prejudicial para a cidade.

 

“Melhor parar do que a gente continuar com com o que está acontecendo. E para isso a lei vai nos vai amparar, para o prefeito fazer contratos emergenciais, fazer novas licitações, para que siga o ritmo normal”, argumentou o presidente da Câmara Municipal.

 

Leandro Camaralac também afirmou que a Câmara Municipal apoiará a nova administração e buscará recursos parlamentares para auxiliar a governança da cidade. No entanto, não houve conversa prévia com o novo gestor sobre os rumos que o município deve tomar. Assim sendo, a recomendação de cancelamento de contratos pode ser rejeitada por Arlindo Landolfi.

 

“Recomendar nós vamos. Cabe a ele aceitar. Se não aceitar, aí cabe a nós como legisladores o processo de investigação interna dentro desses contratos para ver se tem vício realmente e aí a gente vai fazer a parte da da Câmara que é tocar para frente junto ao novo prefeito”.

 

NOVO PREFEITO

Em cerimônia rápida, Arlindo Landolfi Filho (Republicanos) foi empossado na manhã desta sexta-feira (12) como prefeito interino de Terenos.

Novo prefeito de Terenos, Arlindo Landolfi Filho

Durante o discurso de posse, Arlindo pediu empenho aos servidores públicos, para que forneçam um serviço humanizado à população.

“Hoje mais que nunca vou precisar da ajuda de cada um de vocês. Façam o seu melhor. Eu quero fazer essa prefeitura uma prefeitura humanizada, então deem o seu melhor. Eu já sei que vocês trabalham muito bem, mas hoje estou pedindo ajuda de cada um de vocês, pessoal das nossas escolas, infraestrutura, façam o melhor de vocês. As professoras, eu sei do excelente trabalho que vocês já tem feito, mas eu quero que vocês deem aula como se estivessem dando aula para seus próprios filhos. Meus amigos da saúde, cuidem dos nossos pacientes como se estivessem cuidando de um familiar seu”, solicitou o novo prefeito.

PREFEITO AFASTADO

Ontem (11), cerca de 48 horas após a prisão do chefe do Executivo do município de Terenos, distante pouco mais de 30 quilômetros da Capital, o até então prefeito,  Henrique Budke (PSDB), pediu afastamento do cargo de principal cadeira da cidade.

Conforme repassado pelo defensor de Henrique, o agora ex-chefe do Executivo de Terenos disse que “foi surpreendido com a operação”.

Vale lembrar que Henrique Wancura Budke foi preso ainda na segunda-feira (9), durante operação do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) batizada de “Spotless”. Com 37 anos, ele foi reeleito no ano passado com 53,69% dos votos válidos, ou seja, 5.885 votos.

Agora, ele solicitou o afastamento da sua cadeira como chefe do Executivo, “para poder se concentrar em sua defesa”.

Questionado sobre um possível pedido de cassação do prefeito Henrique Budke, o presidente da Câmara Municipal afirmou que “não cabe mais a nós agora nada com relação ao prefeito Henrique. Ele está afastado do cargo e não está atrapalhando em nada na administração pública. Então, daqui para frente a Câmara vai cuidar de legislar e cuidar de ajudar a administração com o novo prefeito interino”, pontuou.

ENTENDA O CASO

Segundo informações do Correio do Estado, Budke é investigado por corrupção ativa, fraude em licitação e liderança de organização criminosa.

Além do prefeito de Terenos, outras 15 pessoas também foram alvos de mandados de prisão na ação do Gaeco e Grupo Especial de Combate à Corrupção (Gecoc), braços do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS). Ao todo, foram cumpridos mais 59 mandados de busca e apreensão.

De acordo com o Ministério Público, a Operação Spotless é uma continuação da operação Velatus, deflagrada em 2024, também em Terenos, e que investigou esquema de fraudes em licitações de obras.

 

“A investigação constatou a existência de organização criminosa voltada à prática de crimes contra a Administração Pública instalada no município de Terenos/MS, com núcleos de atuação bem definidos, liderada por um agente político, que atuava como principal articulador do esquema criminoso”, diz nota do Gaeco.

 

O líder desse grupo, conforme apuração do Correio do Estado, seria justamente Budke.

Conforme apurado pelo Ministério Público, o grupo usava servidores públicos para fraudar licitações no município de Terenos e direcionar esses certames para que determinadas empresas fossem as vencedoras.

Dessa forma, o grupo teria firmado contraTos que, somente em 2024, ultrapassaram a casa dos R$ 15 milhões.

 

“O esquema envolvia também o pagamento de propina aos agentes públicos que, em típico ato de ofício, atestavam falsamente o recebimento de produtos e de serviços, como ainda aceleravam os trâmites administrativos necessários aos pagamentos de notas fiscais decorrentes de contratos firmados entre os empresários e o poder público”, completou o MiniStério Público.

 

Essas informações, ainda de acordo com o MPMS, foram estabelecidas depois da Operação Velatus, deflagrada em agosto do ano passado, a qual cumpriu nove mandados em Terenos, cinco (de busca e apreensão) em Campo Grande e um em Santa Fé do Sul (SP), além de um mandado de prisão na Capital.

Conforme a investigação, a partir de provas extraídas de alguns telefones celulares apreendidos, foi possível identificar “o modus operandi da organização criminosa e possibilitaram que se chegasse até o líder do esquema”.

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