Brasil na vanguarda da corrida por minerais estratégicos

Brasil na vanguarda da corrida por minerais estratégicos

O Brasil ocupa posição central na disputa global por minerais críticos, impulsionada pela transição energética e pela expansão das tecnologias de ponta. Após declarações do governo dos Estados Unidos sobre interesse nas riquezas minerais brasileiras, o debate ganhou nova dimensão — mas vai muito além das terras raras.

Embora o país seja o segundo maior detentor de terras raras no mundo, com 23% das reservas globais, atrás apenas da China, seu potencial se estende a outros minerais essenciais para a indústria moderna, como nióbio, manganês e lítio.

Nióbio: domínio quase absoluto

O Brasil é líder incontestável na produção e reserva de nióbio, detendo cerca de 98,4% das reservas mundiais. O mineral é fundamental na fabricação de ligas metálicas super-resistentes, utilizadas em turbinas de aviões, equipamentos médicos, infraestrutura pesada e aceleradores de partículas.

As principais jazidas estão localizadas em Minas Gerais, Goiás e Amazonas. Apesar do discurso de defesa da soberania durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), o período viu mais do que o dobro de autorizações para exploração de nióbio na Amazônia. Em 2022, houve até uma tentativa de oferecer o recurso ao empresário Elon Musk, sem sucesso.

Manganês: chave para a indústria e as baterias

O Brasil possui 32,3% das reservas globais de manganês, o maior patamar do mundo. O mineral é essencial para a produção de aços especiais e cada vez mais relevante em tecnologias de armazenamento de energia, como as baterias de íon-lítio de alta performance.

As reservas estão concentradas em Minas Gerais, Pará, Amapá e Mato Grosso do Sul, regiões que já respondem por grande parte da produção mineral nacional.

Lítio: combustível da mobilidade elétrica

Com cerca de 1,37 milhão de toneladas de lítio metálico em reservas, o Brasil é o 5º maior detentor de lítio no mundo. O mineral é componente-chave em baterias para veículos elétricos, eletrônicos e sistemas de armazenamento de energia renovável.

Projetos em estados como Minas Gerais, Bahia e Paraná vêm acelerando a exploração, com investimentos nacionais e internacionais voltados à produção sustentável e ao beneficiamento interno do minério.

Terras raras: potencial ainda subaproveitado

As terras raras — um grupo de 17 elementos químicos — são usadas em imãs de alta potência, turbinas eólicas, motores elétricos e sistemas de defesa. Com 23% das reservas globais, o Brasil tem capacidade para se tornar um fornecedor estratégico fora da esfera chinesa, especialmente com novas descobertas que indicam concentrações no solo até seis vezes superiores às da China.

No entanto, o país ainda carece de uma cadeia industrial consolidada para o processamento e refino desses minerais, o que limita seu papel no valor agregado global.

 

Desafios e oportunidades

Especialistas apontam que o Brasil tem a chance de se posicionar como hub regional de minerais críticos, desde que haja políticas de soberania tecnológica, controle ambiental rigoroso e desenvolvimento de infraestrutura e pesquisa.

A integração entre exploração responsável, industrialização nacional e inovação será fundamental para que o país não se limite a exportar matéria-prima, mas participe ativamente da cadeia de tecnologias limpas e de defesa.

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