Após polêmica sobre autismo, Pollon é notificado pela corregedoria da Câmara

Após polêmica sobre o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista, o deputado federal Marcos Pollon (PL) foi notificado nesta quarta-feira (13) pela corregedoria da Câmara, para junto de outros parlamentares, se explicar sobre o motim que pedia anistia aos investigados pelos atos do 8 de janeiro.
A notificação tem com base o fato de Pollon ter tomado assento na cadeira da mesa diretora, além do discurso realizado no último dia 3, em uma manifestação do movimento Reaja Brasil.
“Vamos continuar lutando até que o último manifestante seja libertado. Eu tenho plena consciência por quem eu estava lutando. Vamos continuar denunciando os casos de tortura e violência contra os presos políticos do 8 de janeiro que continuam encarcerados.
A partir da notificação, Marcos Pollon tem o prazo de ciinco dias úteis para apresentar sua defesa. Após isso, a Corregedoria terá 40 dias úteis para elaborar o parecer. O deputado esclarece que irá montar a sua defesa baseado na constituição e na legislação, baseado na liberdade de expressão e manifestação. “Apesar do que tem sido falsamente noticiado, não vou usar a questão do espectro para defender os meus atos”, destacou.
O parlamentar destaca que o exercício de obstrução, realizado pelos parlamentares é uma ferramenta amplamente usada na história do parlamento federal, inclusive pelos autores da representação. “Esse é um exemplo de que estamos em uma ditadura. Querem imputar crime em atos usuais. Vão perseguir a oposição para não terem concorrência nas eleições do ano que vem”, completou.
O ocorrido
Alvo de representação que será analisada pelo Conselho de Ética e na lista dos parlamentares que podem ser suspensos pela ocupação que impediu o trabalho da Câmara Federal por mais de 30 horas, Anteriormente, Pollon também se defendeu nas redes sociais dizendo que é autista e que, por isso, não estava entendendo o que acontecia no momento em que o presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) tentou retomar a cadeira para comandar a sessão da última semana.
Na ocasião, Pollon e o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) foram os últimos parlamentares a deixar o espaço no momento em que Motta tentou assumir sua função para iniciar os trabalhos.
“Estão dizendo que ele (Marcel van Hattem) sentou na cadeira do Hugo Motta e que ele me incentivou a ficar lá. Isso é mentira. Olhem as imagens. Eu sou autista e não estava entendo o que estava acontecendo ali naquele momento”, argumentou Pollon.
Em março deste ano ele já havia anunciado ter diagnóstico tardio de que é autista. O vídeo traz um trecho de um momento anterior em que ele diz para o colega do Novo: “Eu não entendi. Não vou sair”.
Segundo a versão de Pollon, ele afirmou que pediu que Marcel van Hattem o acompanhasse até lá para orientá-lo.
“E eu sentei na cadeira do Hugo Motta e ele sentou ao meu lado pois é uma pessoa que eu confio. E falei: ‘Me orienta pois pelo que nós combinanos haveria um rito para a desocupação do espaço e esse combinado não foi cumprido. Nós desceríamos antes que o presidente subisse”, afirmou.
Dias antes, o deputado chamou o presidente da Casa, Hugo Motta, de “bosta” e “baixinho de um metro e 60”.
A declaração foi dada em discurso inflamado durante manifestação em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no início deste mês.
Após o fato, o parlamentar afirma que tem sido alvo de ataques preconceituosos e capacitistas, com falas retiradas de contexto, e que a questão estaria sendo usada para desviar o foco de sua principal pauta -anistiar aos presos pelos atos de 8 de janeiro.
“Não vamos descansar enquanto não conseguirmos soltar todas as vítimas do 8 de janeiro. Pessoas estão sendo torturadas. Manifestantes já morreram dentro da cadeia. A anistia é necessária com urgência”, afirmou Pollon, fato confirmado pelo Correio do Estado.
No vídeo alvo de críticas, Pollon relata que pediu a Van Hattem que o acompanhasse para lhe dar suporte como autista, já que não havia compreendido um acordo prévio sobre a desocupação de um espaço. “Eu não estava entendendo e só sairia dali quando tivéssemos uma resposta positiva para as vítimas do 8 de janeiro”, disse.
Inicialmente, o episódio levou Motta a sugerir a suspensão de até seis meses do mandato de Pollon, Van Hattem, Zé Trovão (PL-SC) e Júlia Zanatta (PL-SC) por motim. A deputada sul-mato-grossense Camila Jara (PT) será alvo de análise separada por suposta agressão ao deputado Nicolas Ferreira (PL-MG).
Veja a lista dos deputados que devem explicações à corregedoria:
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- Marcos Pollon (PL-MS);
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- Camila Jara (PT-MS);
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- Zé Trovão (PL-SC);
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- Júlia Zanatta (PL-SC);
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- Marcel van Hattem (Novo-RS);
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- Paulo Bilynskyj (PL-SP);
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- Sóstenes Cavalcante (PL-RJ);
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- Nikolas Ferreira (PL-MG);
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- Zucco (PL-RS);
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- Allan Garcês (PL-TO);
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- Caroline de Toni (PL-SC);
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- Marco Feliciano (PL-SP);
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- Bia Kicis (PL-DF);
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- Domingos Sávio (PL-MG);
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- Carlos Jordy (PL-RJ);