Anvisa aprova vorasidenibe, primeiro avanço em 20 anos para gliomas de baixo grau Fato Novo

Anvisa aprova vorasidenibe, primeiro avanço em 20 anos para gliomas de baixo grau Fato Novo

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, em 8 de agosto de 2025, o Voranigo® (vorasidenibe), novo medicamento para o tratamento de gliomas difusos de baixo grau com mutação nas enzimas IDH1 ou IDH2. A decisão, publicada no Diário Oficial da União em 11 de agosto, marca o primeiro avanço terapêutico significativo para esse tipo de tumor cerebral em duas décadas.

Desenvolvido pela farmacêutica francesa Servier, o vorasidenibe é um inibidor seletivo das enzimas IDH1 e IDH2 mutadas, responsáveis pela produção de substâncias que estimulam o crescimento de células tumorais no cérebro.

Indicação e perfil dos pacientes

O medicamento é indicado para adultos e adolescentes a partir de 12 anos diagnosticados com astrocitomas ou oligodendrogliomas de grau 2, após cirurgia, e que não necessitem de radioterapia ou quimioterapia imediata.

Esses tumores, embora cresçam lentamente, podem evoluir para formas mais agressivas ao longo do tempo. Até agora, as opções de tratamento eram limitadas à cirurgia e à terapia adjuvante. O vorasidenibe oferece uma abordagem personalizada e de precisão, direcionada ao perfil molecular do tumor.

Eficácia comprovada em ensaio clínico

A aprovação foi baseada nos resultados do ensaio clínico INDIGO, que demonstrou:

  • Redução de 61% no risco de progressão da doença;
  • Atraso no crescimento tumoral;
  • Redução do volume do tumor;
  • Prolongamento do tempo até a necessidade de intervenções terapêuticas futuras.

Esses dados indicam que o tratamento pode preservar a qualidade de vida dos pacientes por mais tempo, transformando o manejo do glioma em uma condição mais semelhante a uma doença crônica.

Tratamento oral e acompanhamento contínuo

Disponível em comprimidos de uso diário, o vorasidenibe permite que os pacientes sejam tratados de forma ambulatorial, com acompanhamento regular por uma equipe multidisciplinar.

O tratamento exige, como parte essencial do diagnóstico, a realização de testes moleculares para identificação da mutação IDH, conforme recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) na classificação de tumores cerebrais de 2021.

Importância clínica e futuro do tratamento

Segundo o oncologista Dr. Fernando Maluf, a aprovação representa um marco: “Novas medicações que atacam o tumor por mecanismos específicos vêm sendo desenvolvidas com resultados extremamente importantes.”

A neuro-oncologista Dra. Camilla Yamada, da BP – Beneficência Portuguesa de São Paulo, destaca que os sintomas — como convulsões, alterações cognitivas, fala e força motora — devem ser investigados com ressonância magnética ou tomografia cerebral.

Já o neurocirurgião Dr. Marcos Maldaun, do Hospital Sírio-Libanês, ressalta que “cada paciente é único” e que decisões devem ser personalizadas com base no perfil molecular do tumor.

Sobre a Servier

A Servier é um grupo farmacêutico global sem fins lucrativos, presente em cerca de 140 países. Com forte atuação em cardiometabolismo e oncologia, a empresa tem investido em medicina de precisão, especialmente em doenças com perfis genéticos bem definidos, como os gliomas com mutação IDH.

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