Pentágono estoca minerais críticos e gera impasse entre defesa e transição energética

Em uma decisão que paralisou o setor de energia renovável nos Estados Unidos, o Departamento do Interior interrompeu, nesta segunda-feira, os arrendamentos de cinco dos maiores projetos eólicos offshore do país. A medida afeta diretamente os empreendimentos Vineyard Wind 1, Revolution Wind, CVOW, Sunrise Wind e Empire Wind, localizados entre as costas de Massachusetts e Virgínia. O bloqueio ocorre em um momento de alta na demanda por eletricidade, impulsionada pela expansão de centros de dados voltados à inteligência artificial.

O Secretário do Interior, Doug Burgum, justificou a suspensão citando “riscos à segurança nacional”. Segundo o departamento, as turbinas eólicas causariam interferências em radares, criando uma desordem visual que obscurece alvos móveis legítimos. No entanto, especialistas e estrategistas do setor, como Pasha Feinberg, do NRDC, contestam o argumento, afirmando que os impactos de radar são conhecidos há anos e sempre foram mitigados em colaboração com o Departamento de Defesa.

Impacto econômico e energético

A interrupção dos projetos traz consequências imediatas para a economia e para as metas de descarbonização dos Estados Unidos.

• Prejuízo bilionário: Os projetos suspensos valem aproximadamente US$ 25 bilhões e seriam capazes de abastecer 2,5 milhões de residências e empresas.

• Custo ao consumidor: Um estudo da Daymark Energy Advisors aponta que, se esses parques estivessem operando no último inverno, os contribuintes da Nova Inglaterra teriam economizado US$ 400 milhões em contas de luz.

• Paralisia do setor: Com a ordem, os EUA contam agora com apenas dois parques eólicos offshore em operação, enquanto centenas de empregos previstos para as novas obras entram em colapso.

Reações políticas e o fator Trump

A decisão é vista por opositores como uma escalada na retórica do presidente Donald Trump contra a energia eólica, que ele frequentemente classifica como ineficiente e cara. Logo no primeiro dia de seu mandato, Trump já havia suspendido novos arrendamentos em terras federais, mas o bloqueio atual de projetos já contratados é considerado a investida mais agressiva da administração até agora.

O senador Chuck Schumer classificou a medida como “irracional e injustificada”, prometendo que estados como Nova York lutarão judicialmente contra as ordens de suspensão. Por outro lado, o governo defende que a proteção da costa leste e a soberania tecnológica devem ser priorizadas sobre a expansão da matriz eólica offshore.