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Um novo levantamento conduzido pelo antropólogo evolucionista Mark Dyble, da universidade de Cambridge, reacendeu o debate sobre o grau de monogamia na espécie humana. O pesquisador comparou dados genéticos e etnográficos de sociedades atuais e antigas com informações de 34 espécies de mamíferos. O resultado surpreendeu: os seres humanos figuram entre os grupos mais monogâmicos socialmente já estudados, alcançando a sétima posição entre as espécies classificadas nesta categoria.
A pesquisa, publicada na revista Proceedings of the Royal Society B, utilizou um indicador simples e direto para medir a monogamia reprodutiva: a proporção entre irmãos completos (que compartilham pai e mãe) e meio-irmãos. Quanto maior essa proporção, maior a probabilidade de o sistema social favorecer relacionamentos estáveis. Por esse critério, os humanos apresentaram cerca de 66% de irmãos completos, um índice considerado elevado em comparação com outros mamíferos.
Para chegar a essa conclusão, Dyble desenvolveu um modelo computacional que integrou dados genéticos recentes com informações arqueológicas e relatos etnográficos de 103 populações humanas abrangendo 7 mil anos de história. Os números obtidos colocam os humanos ao lado de animais como gibões e castores — conhecidos por relações duradouras — e bem acima de primatas famosos pelo comportamento competitivo e promíscuo:
Uma exceção notável é o sagui-de-bigode, que, devido às gestações frequentes de gêmeos, apresenta cerca de 78% de irmãos completos, sendo um dos mais monogâmicos entre os mamíferos avaliados.
O estudo sublinha que a monogamia humana não se limita ao vínculo isolado entre casais. Diferentemente da maioria das espécies socialmente monogâmicas, que formam núcleos familiares pequenos e rígidos, os humanos vivem em comunidades amplas nas quais várias mulheres podem ter filhos dentro de grupos estáveis e cooperativos. A única espécie com estrutura social comparável é a mara-da-patagônia.
Dyble argumenta que a monogamia humana provavelmente surgiu dentro de grupos sociais maiores, e não a partir de pares isolados, o que contraria o padrão evolutivo mais comum entre mamíferos. A pesquisa reforça que o levantamento considera apenas a monogamia reprodutiva, e não a sexual, já que práticas culturais, controle de natalidade e normas sociais tornaram a reprodução humana independente da vida sexual.

