Áreas naturais protegidas e o uso público como ferramenta de sensibilização e mitigação das mudanças climáticas

Áreas naturais protegidas e o uso público como ferramenta de sensibilização e mitigação das mudanças climáticas

O debate sobre a urgência das mudanças climáticas, reacendido pela COP30 em Belém, no Pará, destaca o papel fundamental das áreas naturais protegidas (ANPs) na conservação e resiliência ambiental. Além de abrigarem biodiversidade, as ANPs desempenham funções ecossistêmicas vitais, como o estoque e a captura de grandes quantidades de carbono, um papel especialmente significativo em áreas marinhas e costeiras (manguezais, marismas).

O Potencial do Uso Público

Embora as funções de regulação e suporte sejam as mais ligadas à mitigação climática, a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) destaca o potencial do uso público, que corresponde às diferentes formas de visitação oferecidas pelas áreas protegidas. O uso público está diretamente ligado aos serviços ecossistêmicos culturais, um dos quatro grupos de serviços (provisão, regulação, suporte e culturais) que derivam das funções ecossistêmicas.

Transformando a Visitação em Educação Ambiental

O uso público cria oportunidades reais para transformar a experiência do visitante em um processo de sensibilização ambiental e comunicação climática acessível ao público em geral. Para que isso ocorra, o planejamento é essencial:

  • Eixo Central: Incorporar o tema das mudanças climáticas como eixo central nos planos de manejo e programas de educação ambiental.

  • Ações Práticas: Eventos como passarinhadas, caminhadas e cursos de formação para condutores de visitantes funcionam como espaços férteis para discutir como as ANPs retardam efeitos climáticos extremos e como cada pessoa pode reduzir sua pegada ecológica.

Efeito Multiplicador e Resultados 📈

O potencial de alcance é massivo. Por exemplo, a Trilha do Monte das Orações, no Parque Estadual da Serra da Tiririca (RJ), recebe mais de 300 mil visitantes por ano. Inserir ações contínuas de sensibilização nesse circuito significa atingir um público capaz de replicar o conhecimento e gerar um efeito multiplicador.

Um estudo realizado com condutores formados pelo INEA revelou a efetividade desse processo: 67,6% dos participantes relataram aumento do interesse por questões ambientais após o curso, e 77,5% afirmaram que a formação influenciou positivamente suas práticas cotidianas fora da área protegida.

Diante das discussões globais da COP30 e das metas internacionais (como os ODS da ONU), investir em estratégias que transformem as áreas protegidas em salas de aula a céu aberto é uma ferramenta democrática e eficaz para engajar a sociedade na mitigação das mudanças climáticas.

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