Israel prende ex-procuradora que vazou vídeo de estupro coletivo cometido por soldados contra refém palestino
O governo de Israel ordenou a prisão da ex-procuradora-geral das Forças Armadas, Yifat Tomer-Yerushalmi, nesta segunda-feira (03/11). A prisão ocorre em meio a um inquérito que investiga o vazamento de um vídeo de vigilância que mostraria um grupo de soldados israelenses cometendo um estupro coletivo contra um refém palestino na prisão militar de Sde Teiman.
Tomer-Yerushalmi havia renunciado ao cargo na última sexta-feira (31/10), alegando pressões na tentativa de “combater a falsa propaganda dirigida a autoridades militares”. Em sua carta de renúncia, ela declarou que “As Forças de Israel são um exército moral e que respeita a lei e, portanto, mesmo durante uma guerra dolorosa e prolongada, devem investigar atos ilegais”.
🚓 Inquérito e Acusações do Governo
A ex-procuradora foi detida sob acusações de promover “propaganda difamatória” contra Israel. O caso de agressão sexual, registrado em vídeo em agosto de 2024 na prisão de Sde Teiman (conhecida por ser um centro de tortura contra reféns palestinos), mostra soldados violentando sexualmente um refém civil da Faixa de Gaza.
Apesar de cinco soldados terem sido processados judicialmente pelo estupro, a reação do alto escalão do governo israelense se voltou contra o vazamento do vídeo, e não contra o crime em si:
- Benjamin Netanyahu e Bezalel Smotrich (Min. Finanças): Lideraram a pressão para que a investigação se concentrasse não nos estupradores, mas sim em quem vazou o vídeo. Smotrich alegou que a revelação das imagens era uma “clara tentativa de prejudicar a imagem do país”. Netanyahu classificou o vazamento como “o pior ataque propagandístico já sofrido por Israel desde a sua fundação”.
- Itamar Ben-Gvir (Min. Segurança): Referiu-se aos soldados envolvidos no estupro como “heróis nacionais”, incentivando a absolvição dos criminosos e defendendo que “não se deve descartar nenhum tipo de ação” contra prisioneiros palestinos.
❓ Suposto Desaparecimento e Suicídio Forjado
O jornal The Times of Israel noticiou que Tomer-Yerushalmi chegou a ficar algumas horas desaparecida no domingo (02/11). A imprensa local sugeriu que ela teria tentado forjar uma tentativa de suicídio em uma ação para se livrar de evidências de outros “crimes contra a segurança de Israel”. A ex-procuradora foi encontrada e levada a uma “cela de segurança reforçada”, onde estaria em boas condições de saúde.
