Justiça italiana mantém “presa Carla Zambelli após audiência, no presídio feminino Rebibbia com 369 mulheres “

A audiência na Quarta Seção Penal teve início por volta das 11h30 (6h30 no Brasil) e durou aproximadamente três horas. O juiz Aldo Morgigni conduziu a sessão a portas fechadas.
Zambelli foi presa na terça-feira (29) em um apartamento localizado no bairro Aurélio, em Roma, depois de quase dois meses foragida da Justiça brasileira. Ela foi levada ao presídio feminino Rebibbia, que abriga 369 mulheres, excedendo sua capacidade em quase cem detentas.
A defesa da parlamentar na Itália estava otimista quanto à possibilidade de a corte decidir a favor da prisão domiciliar. O advogado Pieremilio Sammarco informou que o próximo passo será uma nova audiência na mesma Corte de Apelação, que dará prosseguimento ao processo de extradição.
Sammarco destacou que parte da defesa incluirá a menção a “anomalias” no processo que levou à sentença de dez anos de prisão imposta pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Zambelli é acusada de ter participado da invasão do sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) para emitir um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Um dos argumentos a serem apresentados, segundo o advogado, será demonstrar que “a suposta vítima do crime é a mesma pessoa que proferiu a sentença, que decidiu pela execução dessa sentença e que tratou do recurso. Isso parece ser uma grave anomalia”, revelou.
Após a fase na Corte de Apelação, o caso pode ser encaminhado à Corte de Cassação, a instância máxima do Judiciário italiano, e posteriormente à decisão do governo italiano, através do Ministério da Justiça. Na quinta-feira (31), Moraes determinou que a AGU (Advocacia-Geral da União) acompanhe o andamento do processo na Itália.
Conforme noticiado pelo UOL, o pai da deputada esteve presente do lado de fora durante a audiência desta sexta-feira. Ele negou que sua movimentação em Roma tenha ajudado a identificar o local da prisão da filha e alegou que teve falta de orientação sobre como ela deveria se entregar às autoridades italianas. “Ela deveria ter se entregado rapidamente para resolver isso. Faltou orientação. Ela estava insegura sobre o que fazer”, afirmou.
Zambelli chegou à Itália em 5 de junho, vindo dos Estados Unidos, e entrou no país europeu com seu passaporte italiano, dado que possui dupla cidadania. Acordos de cooperação entre a Itália e o Brasil facilitam sua extradição, mesmo com a cidadania italiana.