Licença parlamentar de Eduardo Bolsonaro termina neste domingo; entenda o que acontece agora

PT aposta no ex-deputado federal Fábio Trad para liderar a oposição em MS, enquanto o ex-governador Reinaldo Azambuja se prepara para deixar o PSDB e assumir o PL e consolidar frente bolsonarista com Riedel, rumo a 2026
A disputa acirrada na eleição para a Presidência da República de 2026 deve ter reflexos em Mato Grosso do Sul, como já indicam os primeiros movimentos dos partidos que simbolizam a esquerda e a direita no Brasil no momento.
O Partido dos Trabalhadores (PT), legenda que tem no presidente Luiz Inácio Lula da Silva seu maior nome, embora integre a administração de Eduardo Riedel (PSDB) em Mato Grosso do Sul, prepara-se para lançar um oponente ao governador na disputa. Trata-se do ex-deputado federal Fábio Trad, que no mês que vem deve ir a Brasília (DF) confirmar sua filiação no partido.
No outro lado do espectro político, o ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB), um dos principais caciques da política sul-mato-grossense no momento, está com tudo acertado para assumir o comando do Partido Liberal (PL), legenda cujo principal expoente é o ex-presidente da República Jair Bolsonaro. A não ser que haja um novo adiamento, Azambuja deve deixar o PSDB e embarcar de vez no PL em agosto.
Os movimentos nos dois campos da política ficam mais explícitos à medida que as eleições de 2026 se aproximam. Falta um ano para o fim das convenções partidárias e as definições de chapas e alianças para as disputas de presidente da República, governador, senador, deputado federal e deputado estadual.
Movimento-chave
Em Mato Grosso do Sul, o movimento-chave para a definição das alianças deve ser a saída do governador Eduardo Riedel do PSDB. A aliança que ele integra, atualmente mais aberta a partidos de centro, por causa do histórico do PSDB, deve ganhar uma característica de frente de direita quando o governador filiar-se ao Partido Progressistas (PP).
Comandado no Brasil pelo senador Ciro Nogueira, do Piauí, e em Mato Grosso do Sul pela senadora Tereza Cristina, o PP, embora ocupe ministério no governo de Lula, também é um dos que ditam o rumo das votações no Congresso Nacional em que o governo federal tem saído derrotado.
A presença de Riedel no PP, a julgar pela coerência de discursos partidários, poderá inviabilizar políticos com características de centro-esquerda na aliança. A ideia é construir um grande grupo, com partidos como PP, PL, Republicanos, Podemos e PSD na aliança de Riedel e Azambuja, e, nessa conjuntura, não há espaço para o PT, que ainda ocupa cargos e tem boa interlocução com o governo de Riedel, sobretudo pela entrega dos votos decisivos em 2022, quando o atual governador derrotou no segundo turno o candidato ultrabolsonarista Capitão Contar (PRTB).
Para além disso, com a ida de Reinaldo Azambuja para o PL, somente a frente de direita, cujo candidato a presidente pode ser alguém da família Bolsonaro ou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), teria um palanque e uma estrutura para pedir votos em Mato Grosso do Sul.
A ida de Reinaldo Azambuja ao PL foi construída por de dois fatores. O primeiro deles, a perda de força do PSDB, que em todo o território brasileiro só é forte em Mato Grosso do Sul, onde tem um governador, três dos oito deputados federais e mais de 40 prefeitos.
O segundo motivo é um acordo firmado entre Reinaldo Azambuja e Jair Bolsonaro nas eleições de 2024, em que o apoio de Bolsonaro ao deputado federal Beto Pereira (PSDB), que saiu derrotado nas eleições a prefeito de Campo Grande, foi condicionado à ida de Azambuja ao PL. O cumprimento deste acordo está em fase final.
Azambuja estava organizando uma vinda de Jair Bolsonaro a Mato Grosso do Sul para sacramentar sua filiação ao PL, mas, com a decisão, nesta sexta-feira, do ministro Alexandre de Moraes que determinou a Bolsonaro o uso de tornozeleira eletrônica, o recolhimento noturno e a impossibilidade de sair de casa nos fins de semana, a vinda do ex-presidente ao Estado fica inviável.
Outro grupo
Sem mais espaço no governo de Riedel e com a missão de dar um palanque a Lula em 2026 em Mato Grosso do Sul, o PT se organiza para as próximas eleições.
O ex-deputado federal Fábio Trad assinou a ficha de filiação no partido nesta sexta-feira, mas deverá oficializar sua entrada só no mês que vem, quando deve ter a bênção de Lula.
Trad é o nome mais cotado para disputar o governo. A oposição à candidatura de Fábio Trad vem da família: Nelsinho Trad, senador pelo PSD e no arco de alianças de Riedel e Azambuja, tentará convencer o irmão a desistir da disputa e a não criar dificuldades para a aliança de direita.
Internamente, os caciques do PT sabem que as chances de o ex-deputado derrotar Eduardo Riedel são muito pequenas, mas o grupo aposta na retórica do deputado, conhecido por ser um bom orador, para empolgar a militância.
Vander Loubet, ao que tudo indica, não deve concorrer ao Senado. Mas as portas do partido, ou mesmo de uma eventual aliança com o MDB, estão abertas caso a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, decida se candidatar ao Senado.