Candidaturas de PT e PRD vão dificultar reeleição tranquila de Eduardo Riedel

A reeleição tranquila do governador Eduardo Riedel (PSDB) no pleito de 2026 já começa a enfrentar obstáculos, em razão dos anúncios feitos pelo PT e pela recém-criada federação PRD-Solidariedade de que pretendem lançar candidatos próprios ao governo do Estado nas próximas eleições.
No caso do PT, o provável candidato é o ex-deputado federal Fábio Trad, que se desfiliou do PSD e está sem partido. Porém, já foi convidado pelos petistas para ingressar na sigla e ser o nome da legenda para concorrer ao cargo de governador.
Já a federação PRD-Solidariedade, do ex-senador Delcídio do Amaral, também anunciou o lançamento de candidaturas próprias para governador, senador, deputados federais e deputados estaduais. Porém, o nome para a majoritária ainda é uma incógnita.
O Correio do Estado ouviu fontes ligadas ao PT e o comentário seria de que o governador Riedel tem características que podem atrapalhá-lo em um cenário com outros candidatos competitivos.
“Ele é um gestor de poucas entregas de obras e não tem experiência em lidar com uma oposição, visto que, na Assembleia Legislativa, ele tem quase a totalidade dos parlamentares na sua base aliada”, declarou uma liderança petista.
PREPARADO
Ainda conforme essa mesma fonte, o PT entende que o ex-deputado federal Fábio Trad é um sujeito extremamente preparado para debater questões como gestão pública, programas sociais, modelos de desenvolvimento, entre outras.
“Então, é sim um candidato que poderia romper com esse ambiente de tranquilidade que o Riedel tem hoje”, projetou, ressaltando também que o poder de oratória do advogado Fábio Trad pode desequilibrar em um debate político.
Por outro lado, a federação PRD-Solidariedade, com o conhecimento político de Delcídio do Amaral, pode complicar ainda mais a campanha eleitoral de Riedel, pois o ex-senador enfrenta o PSDB desde as eleições de 2014, quando acabou derrotado ao cargo de senador para o então deputado federal Reinaldo Azambuja.
Até hoje, o presidente estadual do PRD acusa o ninho tucano de jogar baixo naquelas eleições e promover, desde então, uma verdadeira caça às bruxas contra ele, inclusive, tendo atuado nesse sentido nas eleições municipais do ano passado, quando disputou o cargo de prefeito de Corumbá.
A reportagem ouviu de interlocutores do ex-senador que a bandeira dele à frente da federação é de que Mato Grosso do Sul precisa ter oposição para mostrar o quanto a atual gestão deixou de fazer pelo Estado.
Para pessoas próximas ao político, ele entende que “o povo sul-mato-grossense é refém de uma elite política que se sucede, incompetente, retrógrada e preconceituosa”, e as eleições de 2026 serão a virada sobre a “política dinheirista e sem projeto político de combate às desigualdades e ao desenvolvimento social e econômico”.
CÉU DE BRIGADEIRO
Neste momento, a reeleição do governador Eduardo Riedel voa em céu de brigadeiro, pois não tem nenhum adversário de peso que possa concorrer contra ele, com alguma possibilidade real de ameaçar seu projeto de manutenção de poder.
O amplo arco de aliança que está sendo construído por Riedel e o ex-governador Reinaldo Azambuja desde sua eleição em 2022, incluindo MDB, PSD, Podemos, PL, PP, União Brasil e Republicanos, sem contar o PT, que também faz parte, já está em vias de rompimento devido à aproximação do governador à ala mais centro-direita.
Entretanto, a demora do governador para definir o seu futuro partidário, pois não deve continuar no PSDB e tem convites do PP e do PSD para disputar a reeleição no próximo ano, acaba contribuindo para que mais partidos estudem a possibilidade de lançar candidaturas próprias ao cargo.
Saiba
Até o momento, outros dois políticos já tornaram público o desejo de disputarem o cargo de governador de Mato Grosso do Sul nas eleições do próximo ano. O prefeito de Ivinhema, Juliano Ferro (PSDB), e o empresário campo-grandense Luis Augusto Lima Scarpanti (Novo), o Guto Scarpanti.