Justiça de MT quebra sigilo fiscal de casal e policiais militares envolvidos no assassinato de advogado Renato Nery

O Núcleo de Inquéritos Policiais (Nipo) autorizou a quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico de todos os suspeitos no assassinato do advogado Renato Nery, morto a tiros em julho de 2024, em Cuiabá. Essa ação foi solicitada pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), responsável pela investigação.
Entre os investigados estão os empresários Julinere Goulart Bentos e César Sechi, considerados mandantes do crime, além de policiais militares e o caseiro que participou da execução. O casal foi detido na última sexta-feira (9), suspeito de encomendar o homicídio devido a uma disputa fundiária sobre uma fazenda de 800 hectares em Novo São Joaquim, avaliada em mais de R$ 40 milhões.
As investigações indicam que o policial militar Heron Teixeira atuou como intermediário, fornecendo a arma do crime e recrutando o caseiro Alex Queiroz Silva, que teria efetuado os disparos. A Polícia Civil apurou que o assassinato foi encomendado por R$ 200 mil, e Heron e Alex foram indiciados por homicídio qualificado.
Outros dois policiais, Jackson Pereira Barbosa e Ícaro Nathan Santos Ferreira, também estão envolvidos no caso. Ícaro, que fazia parte do setor de inteligência da Rotam, forneceu a pistola Glock G17, adaptada para disparos automáticos, enquanto Jackson facilitou o contato entre o casal mandante e os executores. A Polícia reuniu mensagens, interceptações e registros de movimentações financeiras para fundamentar os pedidos de prisão e indiciamento.
O crime está ligado a um longo litígio judicial pela posse da Fazenda Atlântida, em Novo São Joaquim. Renato Nery e os Sechi estavam em disputas legais há décadas, com acusações mútuas de falsificação de documentos e usurpação de propriedade.
Antes de ser assassinado, Nery havia processado os Sechi por suposta falsidade ideológica relacionada às escrituras da fazenda, mas desistiu da ação em março de 2024. Por outro lado, os Sechi também processaram Nery, alegando que ele utilizou decisões judiciais obtidas de maneira irregular para tomar posse da propriedade.
Apesar do histórico conturbado, um acordo homologado em setembro de 2024, dois meses após o assassinato, concedeu a posse da área a Renato Nery. A investigação continua e todos os envolvidos permanecem presos preventivamente.