Dólar sobe e ronda R$ 5,90 com Trump e juros no radar; bolsa avança

O dólar opera em alta nesta segunda-feira (27) e ronda R$ 5,90, com mercados repercutindo o impasse entre os Estados Unidos e Colômbia no fim de semana, que quase resultaram em uma disputa comercial.
Na cena doméstica, as atenções se voltam ao salto nas expectativas do mercado para a inflação deste ano, a 5,5%, conforme dados do Boletim Focus publicamos mais cedo pelo Banco Central (BC).
A semana ainda é marcada pela decisão dos juros nos EUA e Brasil, com resultados divulgados na quarta-feira (29).
Por volta das 11h10, a divisa norte-americana subia quase 0,1%, negociada a R$ 5,915 na venda. O movimento mostra perda de força da divisa, que mais cedo tocou a máxima de R$ 5,955.
O dólar encerrou a semana passada cotado a R$ 5,918, com queda acumulada de 2,42%. A divisa mantém viés de baixa desde a quarta-feira (22), quando fechou abaixo de R$ 6 pela primeira vez desde dezembro.
Na mesma hora, o Ibovespa apresentava avanço de 1,05%, próximo dos 123,7 mil pontos. O principal índice do mercado doméstico encerrou a semana passada com avanço de 0,7%, aos 122.446,94 pontos.
Tensão entre EUA e Colômbia
Após uma escalada de tensões comerciais durante o fim de semana, Colômbia e EUA anunciaram acordo para a extradição de imigrantes, cancelando as taxações mútuas de 25% sobre a importações.
A Casa Branca anunciou a decisão neste domingo (26).
O imbróglio iniciou após o presidente colombiano Gustavo Petro rejeitar o pouso dos aviões militares, afirmando que os EUA “não podem tratar os migrantes colombianos como criminosos”.
Em respostas, Trump ordenou “tarifas emergenciais de 25%” sobre todas as importações do país que seriam aumentadas para 50% em uma semana.
Além do aumento das tarifas, o presidente americano também ordenou uma “proibição de viagens” para cidadãos colombianos e uma revogação de vistos para autoridades colombianas nos EUA.
Horas depois, Petro ameaçou um aumento retaliatório de 25% nas tarifas dos EUA em uma série de postagens nas redes sociais atacando Trump e o secretário de Estado, Marco Rubio.
No final da noite de domingo, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, anunciou que os EUA e a Colômbia concordaram com a “aceitação irrestrita” de deportados da Colômbia e permitiriam que eles fossem devolvidos ao país “inclusive em aeronaves militares dos EUA, sem limitação ou atraso”.
Leavitt disse na declaração que os EUA não assinariam as tarifas ou sanções econômicas ordenadas por Trump “a menos que a Colômbia não honre este acordo”.
Mercado aumenta previsão para a inflação
No cenário doméstico, os investidores repercutem o aumento das expectativas para a inflação deste ano e do próximo.
Para 2025, a previsão dos analistas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou a 5,5%, ante 5,08% na semana passada. Já para 2026, a estimativa passou para 4,22%, contra 4,1% na última edição.
A partir de 2025, o BC persegue meta de inflação de 3%, com 1,5 ponto de tolerância para cima (4,5%) ou para baixo (1,5%). Em 2024, o IPCA encerrou com avanço de 4,83%.
A prévia da inflação de janeiro foi a 0,11%, segundo dados do IPCA-15 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados na sexta-feira (24).
O número veio acima das expectativas do mercado, sendo pressionado pelo encarecimento dos alimentos.
O resultado foi divulgado em meio aos debates no governo para baratear o preço dos alimentos. Uma das medidas implica em reduzir as alíquotas de importação sobre alimentos que estejam mais caros no mercado interno do que no exterior, informou o ministro da Casa Civil, Rui Costa, nesta sexta.
A declaração foi realizada em coletiva de imprensa após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para tratar do tema.
A orientação do governo federal tem como objetivo baixar os preços dos alimentos. Segundo Rui Costa, será realizada uma análise dos valores de mercado dos produtos no cenário doméstico e internacional e, se for necessário, o governo reduzirá as alíquotas de importação para que os alimentos sejam vendidos no mercado doméstico com um preço igual ou abaixo do mercado externo.
Fed e Copom
A semana também é marcada pela decisão dos juros pelo Federal Reserve (Fed) e do BC, na quarta-feira.
Nos EUA, a expectativa do mercado é pela manutenção dos juros no atual patamar entre 4,25% e 4,5%, com Fed encerrando o corte das taxas iniciado em setembro do ano passado.
Já no Brasil, as apostas do mercado estão em novo aumento de 1 ponto pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, elevando a Selic a 13,25% ao ano.
A expectativa dos agentes financeiros para a taxa de juros ao fim de 2025 ficou inalterada em 15%, mesma previsão das últimas três semanas, mostrou o Focus.
Para o ano que vem, as previsões subiram a 12,5%, contra 12,25% na semana passada.
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*Com informações da Reuters